Semana passada tive uma experiência inédita e empolgante neste universo da culinária: fui jurada de um concurso de comida. A missão era árdua: provar e avaliar 37 pratos típicos de todas as regiões do Brasil, num período de 4 dias!
O concurso foi super organizado e fazia parte da primeira edição de um evento muito bacana que a Prefeitura de Hortolândia (cidade em que trabalho, localizada na região metropolitana de Campinas) promoveu - A Festa do Migrante. Como Hortolândia é um município jovenzinho de apenas 22 anos, habitado por pessoas que vieram das mais diferentes regiões do país, esta festa popular veio para prestigiar e e celebrar as raízes formadoras da identidade cultural da cidade. E nada mais expressivo da cultura de um povo do que sua alimentação, em minha humilde e tendenciosa opinião.
Por isto, já de cara curti participar do evento e quando recebi a apostila com a descrição de todos os pratos e os critérios de avaliação fiquei muito empolgada. Cada região do país foi representada e comidas de quase todos os Estados da Federação foram servidas por pessoas ligadas a Associações de bairros, grêmios esportivos, comunidades religiosas, ONGs, Cooperativas, etc.
O mais gratificante é que participei e me diverti muito numa festa organizada, familiar e animada, que talvez nem teria ido não fosse o convite. Ao fim dos quatro dias experimentei comidas que não conhecia e conheci pessoas talentosas, batalhadoras e com boas histórias para contar. Aprendi um pouco também dessa coisa de ser jurada... o mais difícil é não comer mais do que três colheradas de cada prato, mesmo que tenha vontade de até repetir ;-)
Este simpático casal aí da foto foi quem preparou o melhor baião de dois que já comi na vida e que muito merecidamente venceu o concurso. Tive a honra de participar da premiação e conhecer um pouco mais da história deste senhor que desde os dezesseis anos pilota um fogão, já tendo passado por grandes buffets e restaurantes em São Paulo e Campinas. Hoje já aposentado ganha um prêmio que ao meu ver, de certa forma, prestigia e enaltece a carreira de uma vida inteira, não apenas o trabalho de uma noite.
No balanço, com exceção de uns três ou quatro pratos que não me agradaram, havia muita comida boa nesta festa e o bolo cremoso de milho da D. Maria Aparecida de Oliveira Raimundo foi um quitute singelo das Minas Gerais que não passou despercebido. A casquinha crocante e dourada e o interior do bolo cremoso, macio e docinho, com um sabor delicado de milho verde mostraram todo o esmero e o carinho com que foi preparado.
Troféu mãozinhas de fada para ela! Graças aos deuses esta simpatia de pessoa me cedeu a receita, assim como o consentimento para publicá-la aqui no Café. Sorte minha, sorte de quem se aventurar. Sorte maior o fato desta ser uma das receitas de bolo mais fáceis e rápidas de se preparar.
Assim que provei o primeiro pedaço fiquei inesperadamente aliviada. Tive a sensação de ter recuperado uma receita de vó, um segredo de família, de família mineira que cozinha no fogão a lenha, que faz goiabada no tacho e que conserva carne na lata de banha.
E tudo isso é bão dimaaais sô!
Parabéns e obrigada pela receita D. Maria!
Bolo cremoso de milho
receita da Maria Aparecida
tempo: 15 min de preparo + 50-60 min forno
rendimento: 1 forma retangular de aprox. 30cm x 20 cm
Ingredientes:
- 400g de milho verde cozido ou 2 xícaras (ou ainda 2 medidas de lata);
- 4 ovos;
- 1 xíc de queijo ralado na hora (usei grana padano);
- 1 e 1/2 xícara de açúcar (usei apenas 1 xícara);
- 1/2 xíc. de farinha de trigo;
- 2 xíc. de leite (ou a mesma medida que utilizou para o milho);
- 3 c. sopa de manteiga cortada em cubos;
- 1 c. sopa de fermento químico em pó;
Preparo:
- Unte e enfarinhe uma assadeira e pré-aqueça o forno a 180ºC;
- Bata todos os ingredientes no liquidificador até obter uma mistura homogênea;
- Despeja na assadeira preparada e leve ao forno (180ºC) até que a superfície esteja bem dourada, com algumas manchas mais marronzinhas e o bolo esteja firme ao balançar. (no meu forno levou 55 min).
- Retire do forno e espere esfriar para desenformar.